INTRODUÇÃO

Considerando a complexidade do mudo contemporâneo é aceitável a compreensão de que o arsenal tecnológico à disposição do tratamento em saúde seja cada vez mais sofisticado. Nesse universo, cabe ao Cuidado Intensivo a responsabilidade de usar e saber explicar tais recursos na busca da sobrevida e melhoria da qualidade de vida. Nesse ponto, confere-se como atribuição do Cuidado Intensivo o monitoramento e tratamento intenso, de forma que busque a recuperação do paciente crítico e lhe devolva à sociedade em condições de desenvolver suas funções habituais. Submersa nesse contexto, encontra-se o enfermeiro, responsável pelo monitoramento desses pacientes e co-participante dos resultados terapêuticos. Portanto, diante da necessidade de instituição de métodos/procedimentos terapêuticos à aquisição da estabilidade orgânica, algumas complicações podem surgir. É nesse momento que cabe ao enfermeiro, a compreensão da instalação dessas complicações e a instituição precoce de cuidados que visem minimizá-las, através dos Diagnósticos de Enfermagem (DE).

Intubação Traqueal: Risco para Integralidade Tissular (Traqueal) Prejudicada e Risco para Mucosa Oral Prejudicada

O tubo inserido em contato com a mucosa traqueal necessita permanecer insuflado, pelos motivos já abordados. Todavia, o excesso de pressão do cuff sobre a mucosa da parede traqueal pode provocar complicações como a isquemia traqueal e posteriormente, estenose traqueal. A pressão do cuff deve ser conservada em torno de 20 a 25 mmHg, a qual situa-se abaixo da pressão da microcirculação da traquéia (25 a 30 mmHg), para que não ocorra processo isquêmico e após processo inflamatório, os quais comprometem a boa circulação local (MORTON et al., 2007; BARBOSA; SANTOS, 2003).
O cuff com uma pressão acima da microcirculação, apresenta chances de complicações como dilatação da traquéia, inflamação da mucosa, ulceração dos anéis cartilaginosos, infecção e destruição da parede traqueal, dentre outras (BARBOSA; SANTOS, 2003). 
Sabendo dessas possíveis alterações, o enfermeiro julga como indispensável o DE: "Risco para Integralidade Tissular (Traqueal) Prejudicada, relacionado aos efeitos de irritantes mecânicos ou pressão, secundário ao tubo endotraqueal". Esse, por sua vez, é definido como “estado que o indivíduo está em risco de apresentar alteração em tecidos da membrana tegumentar, da córnea ou da mucosa” (CARPENITO-MOYET, 2008, p.407). Entendendo essa definição, o enfermeiro deve empregar intervenções tendo como meta que “o indivíduo apresente a integridade da mucosa traqueal”.  Veja o quadro a seguir:
 


No momento da intubação bem com após, com a permanência do tubo na cavidade oral, há o risco de lesão da mucosa oral, assim, gerando o DE: "Risco para Mucosa Oral Prejudicada, relacionado à irritação mecânica, secundária à intubação endotraqueal"; que é definido como “estado em que o indivíduo apresenta, ou está em risco de apresentar, lesões na cavidade oral” e tal DE, tem como meta que o “indivíduo deverá apresentar mucosa oral íntegra” (CARPENITO-MOYET, 2008, p. 410).
Essas lesões podem ser: trauma da arcada dentária, tecidos moles e boca. Para que estes não ocorram depende da técnica de intubação aplicada, da habilidade do profissional, bem como das condições clínicas do paciente. Neste sentido, não há como o enfermeiro impedir ou atuar de forma à evitar sua instalação, uma vez que não compete a ele tal técnica. Já as complicações tardias são desencadeadas pelo efeito irritante e/ou por pressão do tubo na cavidade oral, causados pela pressão sobre a mucosa, que pode ocasionar pontos isquêmicos ou laceração. Sob essas o enfermeiro pode atuar a fim de minimizar esses agravos. Através de tal DE, o enfermeiro instituirá algumas intervenções. Veja o quadro abaixo:



Fluxo demonstrativo da lógica do Diagnóstico de Enfermagem

 


Descrição dos Procedimentos